NOTHING

nothinglogo_2Os norte-americanos Nothing são daquelas bandas capazes de convencer qualquer um com poucos segundos de música. A mistura do rock alternativo de My Bloody Valentine e Smashing Pumpkins com o universo pós-rock introspectivo de Jesu, juntamente com um fuzz de guitarra muito pós-punk, dá ao quarteto de Filadélfia a matéria-prima certa para um disco de estreia irrepreensível como «Guilty Of Everything». O contrato discográfico com a improvável Relapse e a atitude descomprometida da banda faz o resto. O vocalista Nick Money e o guitarrista Brandon Setta trocaram meia-dúzia de palavras connosco.

pic_credit_ShawnBrackbillQuais foram as motivações para começarem uma banda como os Nothing?
Nicky: Uma década de tragédia após tragédia.

O comunicado de imprensa menciona uma sentença de prisão e um hiato que precedeu a criação deste projecto. O que aconteceu?
Nicky: Estive envolvido numa altercação que levou a acusações de tentativa de homicídio e a uma sentença de dois anos de prisão. Quando voltei a casa o meu mundo começou a desmoronar-se, com alguns amigos chegados e família a desaparecerem da face da terra. Depois de diversos anos de abusos de drogas e álcool decidi documentar o que se passou, onde estava e onde estou actualmente.

Gravaste uma maqueta em cassete sozinho antes de conheceres o Brandon. Nessa altura a sonoridade do projecto era muito diferente da de «Guilty Of Everything»?
Nicky: A maqueta ia em três direcções diferentes: pós-punk, shoegaze mais pesado e esquisitice. Quando eu e o Brandon finalmente nos juntámos e discutimos que direcção seguir entre as três, acabámos por inclinar-nos para o que fizemos nas [faixas] «Endlessly» e «Bent Nail», que regravámos agora para o «Guilty Of Everything».

pic_credit_ShawnBrackbill-2O vosso primeiro lançamento oficial foi o EP em 12” «Suns And Lovers», editado pela Big Love Records. Como chegaram a uma editora japonesa? Tentaram conscientemente lançá-lo por uma empresa distante e obscura ou foram eles que vos abordaram?
Nicky: Sempre tive um enorme respeito pelos lançamentos que a Haruka e a Big Love fazem. Ela é uma excelente pessoa e ainda estou muito excitado por termos tido a oportunidade de trabalhar com ela. De qualquer modo, nessa altura não estávamos muito certos de quanto tempo a banda duraria.

Esse EP era limitado a 300 unidades. Agora que são uma banda da Relapse, com um estatuto mais robusto, consideram a hipótese de reeditá-lo?
Nicky: Nem por isso. Gosto quando as coisas vão e não voltam.

Não é muito comum a Relapse contratar uma banda com estas características. Sentiste que eles hesitaram antes de vos proporem um acordo? Como aconteceu?
Brandon: O Jeff Ziegler, que produziu o LP, é amigo do Rennie da Relapse. Ele andava a perguntar por nós para tentar perceber se éramos tipos porreiros porque tinha gostado da música. O Jeff mentiu e disse que sim, que éramos porreiros. Então tivemos uma reunião e eles estudaram a fundo o disco e o material que contém. Pensámos “Aí está uma coisa à maneira” e concordámos em assinar o contrato.

Qual é a abordagem às letras no álbum? Existe algum tipo de linha condutora ao longo de todas as faixas?
Brandon: Todas as canções são sobre algo que nos tornou infelizes no passado, coisas que são insuportáveis neste momento ou a merda terrível que por aí vem.
Nicky: Melodias misantrópicas.

O pop/rock gótico dos anos 80 parece ser “a cena” agora, a julgar pelo sucesso dos Beastmilk. Acreditam que podem beneficiar desse movimento? Consideram-se sequer parte dele?
Brandon: Todos partilhamos o amor por essa era musical, mas a nossa sonoridade não o reflecte assim tanto, na minha opinião.

CD cover NothingEstão envolvidos noutros projectos musicais? Os Nothing são suficientes para expressarem tudo o que precisam de expressar?
Nicky: Todos andamos ocupados, mas vai ficando progressivamente mais complicado à medida que os Nothing ganham maior visibilidade.
Brandon: Estamos todos envolvidos noutros projectos musicais, alguns separados, outros partilhados com elementos desta banda. Whirr, Death Of Lovers, Swan Dive, Night Sins, entre outros. O Google sabe mais do que eu sobre isto, nesta altura.

São conhecidos por tocarem mesmo muito alto ao vivo. Porque o fazem? Isso não vos coloca dificuldades em ouvirem os instrumentos uns dos outros?
Nicky: Acho que nesta altura já estamos todos surdos. Não tentamos necessariamente tocar incrivelmente alto. Na maior parte das vezes estamos apenas todos fodidos.

«Guilty Of Everything» foi editado em Fevereiro.
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