TRUCKFIGHTERS

TF LOGO ORIGINAL_langTer uma banda de stoner rock da qual Josh Homme, dos Queens Of The Stone Age, admite ser grande fã e um documentário sobre o grupo aplaudido por público e críticos é uma coisa que catapultaria a cabeça de qualquer um para o espaço. Não Ozo, o baixista e vocalista dos Truckfighters que, a propósito do novo álbum «Universe», nos explicou que no fundo é apenas um tipo normal, que lidera uma banda com um problema de bateristas muito spinal tap.

200dpi_TF_Jonas_Osmann_6Tinham um plano, ou pelo menos uma ideia definida, de como o novo álbum devia ser e soar ou pura e simplesmente começaram a compor e viram onde isso vos levou?
Limitámo-nos a começar e vimos onde isso nos levou. Não tínhamos qualquer plano sobre como o disco devia soar ou que tipo de canções devia conter, mas tentamos sempre fazer algo novo e fresco a cada novo álbum de gravamos. Acho que o conseguimos muito bem com o «Universe».

Ter tantos lançamentos anteriores torna mais complicado o acto de inventar novas canções e melodias, quando já escreveram tantas?
[Pausa] Não é difícil escrever melodias e canções novas. O que é complicado é o facto de exigirmos sempre tanto de nós próprios. Queremos fazer algo melhor e também ter alguns desafios novos em termos técnicos.

Por outro lado, o facto de serem uma banda com tanta experiência ao vivo tem algum impacto no modo como compõem? Deitam fora as partes que sabem que não vão funcionar tão bem ao vivo, por exemplo?
Não, nunca deitamos fora partes de músicas porque achamos que são demasiado difíceis ou que não vão funcionar ao vivo. Acho que os concertos e os álbuns são duas coisas diferentes e não quero ter qualquer tipo de limitação quando crio música. Se pensarmos demasiado quando é suposto criarmos a melhor música que já fizemos, as canções acabam por sofrer com isso. Não obstante, é claro que a experiência ao vivo que temos nos tornou mais confiantes naquilo que fazemos e no que fazemos bem, por isso o nosso processo de composição e o modo como acreditamos em nós próprios são muito mais maduros hoje em dia.

200dpi_TF_Jonas_Osmann_11Sendo suecos, olham pela janela à procura de inspiração ou as vossas principais fontes de inspiração estão dentro da vossa aparelhagem? Achas que a música que escrevem seria diferente se não vivessem onde vivem?
Pessoalmente sou um grande amante da natureza e encontro muita inspiração no que me rodeia e na área de onde sou, bem como nas pessoas que conheço. Posso, por exemplo, ir para o lado rural da Suécia por uns dias e achar toda a experiência muito, muito inspiradora. Mas também escuto muita música nova, também nesse campo tentando não me restringir a apenas um género… Se é bom é bom, não importa mais nada.

O [baterista anterior] Pezo abandonou a banda em 2012 e agora têm o Poncho na formação. Essa mudança teve algum tipo de impacto na forma como o grupo compõe e como funciona enquanto banda?
Não, nada. Os dois últimos discos, «Mania» e «Universe» foram feitos por mim e pelo Dango. Escrevemos todas as músicas apenas entre os dois. Acho que acabámos por aprender com o passado, com todos os bateristas a saírem regularmente, que precisamos de tomar conta e ser o núcleo desta banda; dessa forma não dependemos muito dos bateristas. Obviamente, o cenário perfeito seria encontrarmos um baterista que ficasse connosco o resto da carreira e que também fizesse parte do processo de criação da música, mas até agora tem sido difícil como o raio. Parece que muita gente simplesmente não percebe quão bons nós somos. [risos] Tanto o Pezo e agora o Poncho – sim, percebeste bem – saíram para se juntarem a outras bandas. Parece que, quando os bateristas nos começam a conhecer, se apercebem que somos tipos normais e meio chatos; no início o Poncho chegou a dizer-me que estava todo entusiasmado por conhecer-nos. [risos] Mas quando se apercebem que não somos estrelas do rock, apenas tipos normais, procuram outra coisa. O que não compreendem é que somos uns excelentes compositores. [risos] Por isso provavelmente vão arrepender-se em alguma altura no futuro. [risos]

Auto-produziram o álbum, mais uma vez. Como funcionou?
Sim, foi tudo gravado por nós, produzido e masterizado por mim e pelo Dango. Experimentámos quatro produtores diferentes megalómanos para ver se podiam fazer alguma magia com a mistura deste álbum, mas todas as misturas que voltavam não soavam bem da maneira que queríamos, por isso esquecemos essa ideia e apercebemo-nos que somos as únicas pessoas no mundo que percebem disto. [risos]

TF Universe Front 300dpiEsperavam que o documentário sobre a banda lançado há uns anos tivesse o impacto que teve na cena? Como o encaram actualmente, agora que são mais velhos e têm mais juízo?
Nem por isso esperávamos tamanha reacção; para nós foi apenas uma coisa divertida e ainda é. Mas acho que é um documentário muito porreiro sobre uma banda normal, sem qualquer tipo de glamour. Não acho minimamente interessante ver um documentário sobre uma banda grande de estádio apenas a mostrar quão ricos são os seus elementos. O nosso filme é mais sobre as pessoas comuns por detrás do grupo e da música. Estou muito orgulhoso com o documentário; seria muito divertido fazer uma sequela um dias destes. [risos]

Existiu um rumor, a dada altura, segundo a qual teriam assinado com a Tee Pee para a edição deste disco, mas ele acabou por sair de novo pela Fuzzzorama. O que aconteceu?
Chegámos a lançar o «Mania» nos Estados Unidos pela Tee Pee, mas uma vez que o advogado deles não nos enviou os papéis a tempo, acabámos por não assinar nada, e quando o disco saiu descobrimos que eles não fizeram nada com ele. Mesmo nada para promover o álbum, apesar de nos terem prometido muita promoção. Tipo, dissemos-lhes “Vocês fizeram promessas que não cumpriram, não assinámos nenhum contrato, por isso adeus”… E foi isso. Também conhecemos o tipo por detrás da Tee Pee nos Estados Unidos e, digamos assim, não ficámos nada impressionados. Por isso, nunca lançaria nada por essa editora com a experiência que tenho agora; a Fuzzorama é muito melhor, com pessoas muito mais simpáticas: nós. [risos]

200dpi_TF_Jonas_Osmann_12Passar tanto tempo na estrada e fazer inúmeras digressões é divertido, mas também pode ser cansativo. Encaras esse lado da carreira de modo diferente, à medida que vais ficando mais velho e experiente?
Somos um pouco diferentes das estrelas do rock normais. [risos] Sempre abordei as digressões com a consciência de que é trabalho duro que está ali. Queremos dar ao público o melhor espectáculo possível pelo dinheiro que pagou, por isso corre tudo de acordo com o planeado, tento treinar o mais possível antes das digressões, correndo, nadando e fazendo alguns outros exercícios, tudo para estar na condição física perfeita para aguentar uma tour longa. Tento também alimentar-me de comida saudável e um mínimo de álcool durante as digressões. Isto é um trabalho para nós, por isso tento fazer o meu melhor e ser absolutamente profissional em relação a ele. Estou nos antípodas da estrela do rock tradicional, que se limita a beber copos e a fazer figura de parvo em palco. [risos] Posto isso, é difícil fazer tantas digressões, mas adoro-as e estou bem preparado.

Fizeram, há relativamente pouco tempo, uma mini-digressão em Portugal com os Miss Lava. Do que te lembras dessas datas e qual a vossa relação com eles?
Sim, foi a primeira vez que fomos a Portugal e a sensação foi precisamente essa em muitos aspectos… As audiências não foram super-grandes, mas pareceu-nos que toda a gente se divertiu e que causámos boa impressão. E sim, os Missa Lava são tipos excelentes, apesar de termos tido algumas discussões sobre o material deles. Quando vamos para esse tipo de digressões quase sempre usamos material emprestado das bandas de abertura, neste caso dos Miss Lava. Não podemos queixar-nos muito, uma vez que os grupos são simpáticos ao ponto de nos deixarem usar as coisas deles, mas quando cheguei e vi que o baixista tinha um equipamento Hartke fiquei meio desiludido e discutimos um pouco sobre o material dele. Uma discussão amigável, mas ele acreditava que aquele equipamento era o melhor que podia ter e eu acho que é o pior do mundo. O melhor é um equipamento massivo da Tube, Ampeg ou Hiwatt, ou a minha nova enorme coluna Mesa Boogie, que soa de forma absolutamente espantosa. A distorção do baixo não deve soar como um enxame de abelhas em fúria, e sim como um trator em plena aceleração. [risos] Posto isso, os Miss Lava são tipos super espantosos e muito, muito amigáveis.

«Universe» foi editado a 27 de Janeiro.
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