A PLAYLIST DE… ARY ELIAS (ASSASSINNER)

foto_aryCom várias décadas de experiência musical acumulada, os Assassinner são uma das mais interessantes entidades do panorama extremo português. No seu crossover de thrash e hardcore, que vem de uma altura em que ainda não era hype praticá-lo, cabem pormenores técnicos que revelam executantes dotados, mas também um sentido musical inato e um talento que urge ser descoberto. Numa altura em que acabaram de estrear um novo vídeo-clip, do tema «Slave», convidámos o guitarrista Ary Elias para escolher a playlist deste sábado na METV e trocámos meia-dúzia de palavras com ele.

Lançaram o vosso álbum de estreia, «When Love Left The Masquerade», há quase dois anos. Que resultados obtiveram com ele e como o encaram agora, que já tocaram e ouviram os temas tantas vezes?
Continuamos plenamente satisfeitos com o resultado. É claro que, se gravássemos hoje, muito provavelmente alteraríamos alguns pormenores, mas a verdade é que ficou um primeiro álbum de excepção. É um CD brutal a todos os níveis e supera tudo aquilo que fizemos anteriormente, neste e noutros projectos. Os temas são diferenciados, mas todos eles demonstram uma vincada personalidade comum. A duração, produção, mistura e alinhamento são excelentes. Não cansa, não é monótono como muitos lançamentos que nos assolam todos os dias. Está equilibrado e consegue manter a atenção do ouvinte durante os dez temas que o compõem. E quando acaba, apetece voltar ao início. Para além de nos ter permitido chegar a um público mais vasto e firmar o nosso nome no meio nacional e além-fronteiras.

Não existe uma forma fácil de caracterizar a vossa sonoridade. Como a categorizarias tu? É mais fácil ou mais difícil compor quando se tem este tipo de abordagem musical?
Efectivamente a abordagem musical não se restringe a géneros pré-definidos. Fazendo uso de um termo que se utilizava nos anos 80/90 é um “crossover” entre thrash/metal e punk/hardcore. Basicamente é uma súmula de tudo o que ouvimos e gostamos. E, na realidade, não é assim tão difícil compor. Eu e o Xene (baixista e vocalista) crescemos juntos, descobrimos muitas das bandas percursoras dos vários géneros de música extrema em conjunto e tocamos em projectos comuns desde 1994.
Já nos conhecemos muito bem e sabemos o que esperar um do outro; talvez por isso as músicas fluem naturalmente.

Já existem composições novas? Quando podemos esperar um novo lançamento?
Já estamos a trabalhar em novas ideias e temos, inclusive, algumas músicas alinhavadas. As regras são as mesmas de sempre: experimentar novas ideias, novas técnicas, mas sempre com o mesmo sentido de canção presente. Não gostamos de andar sempre a tocar o mesmo riff, a mesma batida, a mesma música, pois torna-se aborrecido. Com a idade e anos que levamos disto, esta postura é essencial para manter as coisas estimulantes. Quanto a um novo lançamento, ainda não há nada definido relativamente ao formato de edição ou mesmo data do mesmo. Pessoalmente acho que o ideal seria entrarmos em estúdio até ao final do presente ano. A ver vamos…

Podes dar-nos uma ideia do tipo de playlist que escolheste, os seus principais temas e bandas e o seu significado para ti?
A minha playlist é um pouco um espelho da banda sonora que me acompanha no dia-a-dia. Vivi os anos 80 em que o thrash liderava o metal. Por isso, Sepultura, Sodom, Kreator, Motorhead, entre outros, são escolhas óbvias. São bandas que continuo a acompanhar com o afinco de sempre. A par do metal, sempre ouvi e convivi muito com o meio/música punk hardcore, mesmo quando não havia misturas entre este universo e o do metal. Agnostic Front, Biohazard ou Suicidal Tendencies continuam a ser pedras basilares neste segmento. E como isto tudo se resume a rock, não podia deixar de incluir também alguns exemplos das suas sonoridades mais sujas e agrestes. Daí Baroness, Black Tusk, etc. Como representantes do segmento mais extremo os Death e os Canibal Corpse são sempre presença obrigatória. Quis, ainda, relevar aquilo que se faz de bom em Portugal, tendo seleccionado os Disaffected, banda que acompanho desde a sua formação, tendo tido o privilégio de partilhar o palco com eles nas digressões de promoção dos seus dois álbuns, ainda que tenham sido editados com quase 20 anos de diferença, bem como os Miss Lava e Grog, que também dispensam apresentações. Em suma, da minha playlist fazem parte bandas que ouço, gosto, sigo e que representam a velha guarda, sem esquecer os bons representantes das gerações mais recentes, e que atravessam transversalmente as várias sonoridades que povoam este vasto mundo da música pesada.

«When Love Left The Masquerade» foi editado em 2012.
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A METV pode ser vista na posição 187164 do MeoKanal

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