XERATH

Xerath_IIIXERATH
«III»
Candlelight Records
8/10
Existe, no metal, um sentido de proporção que leva a maior parte das bandas a concentrarem-se, estilisticamente, em apenas uma ou duas direcções musicais, seja por seguirem aquilo que o coração lhes diz, por medo de não terem unhas para tocar uma guitarra demasiado complexa ou, pura e simplesmente, porque os seus ídolos já o fizeram antes. Depois existem as outras, que não têm medo de abrir cada uma das portas que os seus gostos lhes indicam e ir por ali a dentro. De todas ao mesmo tempo. Na maior parte das vezes os projectos com estas características esbarram em limitações técnicas e/ou de composição que acabam por perfazer propostas demasiado confusas e disfuncionais. Depois, de vez em quando – muito de vez em quando – há um grupo de músicos que acerta na mouche. A par do que os compatriotas Bal-Sagoth fizeram há uns bons aninhos, os ingleses Xerath não têm problemas de ambição musical. A mistura que fazem – de metal sinfónico, groove metal, metal progressivo e quase tudo o que fica a meio – é grandiosa, pretenciosa por vezes, mas nunca deixa pedras musicais por virar ou ideias meio exploradas. Ao chegarem a «III», o terceiro álbum de originais do projecto, a banda apresenta um novo guitarrista – Conor McGouran – mas consegue dar ainda mais um passo em frente e intrincar mais os temas, transformando-os numa tapeçaria complexa que faz o ouvinte andar para cima e para baixo e ter de olhar várias vezes antes de perceber, na sua totalidade, tudo o que se passa “ali”. A melodia e o sentido épico estão sempre lá, assim como uma vontade férrea de tornarem tudo mais técnico e dinâmico. O resultado é uma mistura de Devin Townsend, Gojira, Bal-Sagoth (no seu lado sinfónico/cinematográfico grandioso) e incrivelmente coeso, sem medo de falhar e sem deixar qualquer bala por disparar. O metal pode e deve ser assim.

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